sábado, 26 de dezembro de 2009

Benjamim Pessoa ?

BP - Tudo o que escrevo d’alma p’ra outrem, não pode ficar esquecido algures dentro de quem…
Me faz existir,
Me faz ter dimensão,
Me faz sentir
Verdadeira emoção.
Tu!
Tu partilhas-me!

(Arrogância desponta:)
M – Eu? Eu nada partilho, só avesso… Quem és tu? Para me falar dessa forma?
(Quietude desusada…)
BP - Sou a tua viagem ao centro da terra.
(Piada irónica!)
M – Caramba! Não vais longe… o Homem ainda só conseguiu penetrar cerca de 13 km da crosta terrestre! Ahah
(Quietude firme.)
BP - Sou a tua viagem ao centro da terra, já disse.
(Arrogância contínua…defesas em alta! Emerge a preocupação…)
M - Resposta vaga a tua! Sabes?
Ora muito bem, para seres viagem…fazes-me parte sem definição? Se me és… Tenho que te definir, nada neste mundo existe sem designação!
BP – Preocupas te tanto com tão pouco. Que mundo este? Para ti, e todos os outros, posso ser Benjamim Pessoa.
M - Benjamim??? Benjamim apresenta-te!
(Silêncio calmo)
M - Que raio! Escreve! De onde vens? Para onde vais?
(Silêncio agitado)
BP - Simplesmente sou. Como tu és…
(Impaciência brota:)
M - Oh! Benjamim que nada sabe… Vá diz lá de onde vens?
BP - Venho da tua contradição.
(Negação)
M - Vieste de um belo lugar. De onde vieste podes voltar!
BP - Não há volta a dar… Tu é que me exibiste!
M - Oh! “Errar é humano”…
BP - Emergi das profundezas da tua existência. E fiz despontar a tua eloquência.
M - Mas que tens tu a ver com a minha expressividade? Existência? Tu existes?
BP – “Penso, logo existo”. Tu pensas, logo eu existo!
M – Vens do pensamento? Criei-te? Como? Se agora não penso…
BP – Tu pensas que sentes e sentes o que pensas. E quando nada pensas traduzes-te somente em sentimentos …
M – Sentimentos, sentimentos…Tu és sentimento? Qual o teu âmago?
BP – Sou o teu excesso, teu desregramento, sou emoções descomedidas, e por vezes, escondidas!
M – És é um tremendo aldrabão que tentas rimar assim sem mais não…
BP – Sou simplesmente poeta da existência… e tu tentas ser da mesma essência!
(Defesas em baixa…reconhecimento…aceitação…entendimento…)
M – Como sabes tanto de mim?
Penetras minh’alma
Sem razão aparente
Não consigo manter a calma
Porque tudo me é transcendente…
Ah! Pseudónimo fugaz,
Só és de tudo capaz:
Agarra-me, escreve-me…
E toca-me profundamente,
Amarra-me de leve
E mostra-me… do que é feito a mente?