quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Perspectiva

A frio, mais um êxtase isolado que padece de incompreensão na razão prática da ordem natural das coisas incandesce.
Considereis certamente, num plano ambíguo ou bastante claro, aquilo que por ânsia ou desespero e prazer me atrevo tenramente a escrevinhar… mas
Tudo não passam de perspectivas.
Perspectivas certas, erradas, confusas, precisas, apaixonadas, ridículas, desapaixonadas, magoadas, acarinhadas, inspiradas, reflectidas e em reflexão, pensadas e impensáveis, inconcebíveis e possíveis, atrozes, intoleráveis e até mesmo perversas, … todas são factíveis, ocorrem e fazem-me parte.
Produz-se uma dada proporção de vontade, acontece.
Cria-se um outro eu imaginário,
e é quando sou mais eu.
Activa-se a virtude coragem, que quantifica a felicidade e dá em nada, apenas palavras mais palavras.
Embora o raciocínio prático me diga que devo agir em determinado sentido, na maior parte das vezes ou quase sempre, acabo por agir noutra direcção persistente.
É por isso que escrevo. Só por isso.
Equivalho-me aos Grandes e Pequenos. Porque todo o Grande um dia já foi pequeno.
Sou igual a mim.
Acredito na minha perspectiva.
Qual é tua?
Tudo é uma questão de perspectiva.
[Aguenta-te!]

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cidade Branca

[Desgraço-me com a minha concentração
Assim, aparto-me e escrevo.
Pasmo com a minha distracção
E cedo à minha ânsia uma vontade]
Não sou de cá.
Sou de terras de outras encruzilhadas, de outros contos e historietas, de planícies amealhadas, onde há cal branca na humildade de gentes manietas de saudade e lembrança.
Sou de uma pasmaceira quieta e serena.
Pagino-me, orgulho-me e agradeço.
[Mas suspendo ininterruptamente o meu espírito quando escrevo, e isso cansa]
Agora, um agora que já faz tempo, aceito a minha cidade
Espreito em cada miradouro a minudência desta criação,
E o de Nossa Senhora do Monte é extravagantemente maravilhoso.
Oh! Que fadário cenário. Tinjo-te com romantismo e realidade…
E rendo-me apenas ao que vejo!
Vejo que em todas as valentes naus cicatrizadas embarca o sentido de conquista optimista.
Velejo por descobertas de antes navegadas e por conquistar…
Somos um, somos mil, somos mais que muitos.
Somos.
“Haja séculos em instantes” neste preciso momento.
Momento sentado à beira de Tejo rio,
Que abriga o quase maior de todos os estuários,
Que recorta e perfila o casario…
[escrevo como alguns, vários…
Porque tentam e tentam escrevinhar]
Em cada esquina,
O gole de sardinha assada,
O cheiro a fado e solidão,
O escutar as marchas na passada
E enxergar Lisboa, a minha cidade, d’alma e coração.
[Fica tanto por dizer, imenso por escrever…
Mas agora tarda, contenta-te por ler.]