terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cidade Branca

[Desgraço-me com a minha concentração
Assim, aparto-me e escrevo.
Pasmo com a minha distracção
E cedo à minha ânsia uma vontade]
Não sou de cá.
Sou de terras de outras encruzilhadas, de outros contos e historietas, de planícies amealhadas, onde há cal branca na humildade de gentes manietas de saudade e lembrança.
Sou de uma pasmaceira quieta e serena.
Pagino-me, orgulho-me e agradeço.
[Mas suspendo ininterruptamente o meu espírito quando escrevo, e isso cansa]
Agora, um agora que já faz tempo, aceito a minha cidade
Espreito em cada miradouro a minudência desta criação,
E o de Nossa Senhora do Monte é extravagantemente maravilhoso.
Oh! Que fadário cenário. Tinjo-te com romantismo e realidade…
E rendo-me apenas ao que vejo!
Vejo que em todas as valentes naus cicatrizadas embarca o sentido de conquista optimista.
Velejo por descobertas de antes navegadas e por conquistar…
Somos um, somos mil, somos mais que muitos.
Somos.
“Haja séculos em instantes” neste preciso momento.
Momento sentado à beira de Tejo rio,
Que abriga o quase maior de todos os estuários,
Que recorta e perfila o casario…
[escrevo como alguns, vários…
Porque tentam e tentam escrevinhar]
Em cada esquina,
O gole de sardinha assada,
O cheiro a fado e solidão,
O escutar as marchas na passada
E enxergar Lisboa, a minha cidade, d’alma e coração.
[Fica tanto por dizer, imenso por escrever…
Mas agora tarda, contenta-te por ler.]

Sem comentários:

Enviar um comentário